ARTIGOS

DOENÇAS AUTOIMUNES

Doença autoimune é uma situação em que o sistema imunológico do paciente ataca elementos estruturais do próprio organismo por alguma falha de reconhecimento. O sistema imune humano é bastante complexo, sendo dividido em imunidade inata, aquela que temos desde o nascimento e a adquirida, que depende da ativação prévia para pode funcionar. A vacinação atua via sistema adquirido, mas esse sistema inclui quatro grandes subdivisões. As doenças autoimunes geralmente ocorrem por falhas no reconhecimento de elementos próprios, levando a agressão e formação de uma doença reconhecida clinicamente ao longo do tempo. Existem pelo menos 80 doenças autoimunes, sendo que as formas cutâneas mais conhecidas incluem a psoríase, o lúpus eritematoso, a alopecia areata e o vitiligo. Não é uma simples equação de causa e efeito, depende de um perfil poligenético propício, associado a algum evento ativador ou gatilho, frequentemente correspondendo a infecções bacterianas ou virais ou fenômenos físicos, como a radiação ultravioleta na formação do lúpus cutâneo.

São doenças com potenciais variados de envolvimento, causando desde alterações aparentemente mais estéticas, como ocorre na alopecia areata, até doenças com risco de como o lúpus de envolvimento sistêmico. É importante reconhecer que o estilo de vida do paciente pode influenciar na evolução e severidade dessas doenças, incluindo stress, sedentarismo, consumo de comidas altamente processadas, açúcar, álcool, má qualidade do sono, disbiose intestinal, poluição ambiental, gorduras saturadas, refrigerantes fast food, obesidade e concomitância com outras doenças crônicas. O tratamento usual é através de terapias imunossupressoras nas formas mais graves que, por sua vez, apresentam potencial risco maior em apresentar infecções e câncer, devendo ser acompanhados criteriosamente por toda a vida com consultas regulares. A chave de gerenciar esse grupo de doenças potencialmente graves é a prevenção, atuando o mais cedo possível e levando a mudanças nos hábitos de vida.

É importante lembrar que apesar de apresentarem um perfil genético também complexo, não é só isso que influenciar no aparecimento e na evolução dessas doenças, sendo doenças multicausais, não havendo impedimento de ter filhos. Outro aspecto a ser salientado é que muitas doenças autoimunes cutâneas, incluindo o lúpus, a psoríase e o vitiligo podem apresentar um aspecto nas áreas visíveis comumente referidas como feridas na pele e, infelizmente associadas à falta de higiene ou erroneamente entendidas como transmissíveis pelo toque. A discriminação desses pacientes é uma fato comum, levando a uma maior baixo estima e perda da autoimagem num paciente já fragilizado pela doença básica.

Outras formas nem sempre aparentes, como as formas artropática do lúpus e da psoríase não são visíveis, mas podem levar a dificuldades para caminhar e praticar exercícios. A dor é invisível aos olhos dos outros, mas não ao paciente. Soma-se a isso a fato que doenças crônicas são consumidoras de energia, levando a cansaço e fraqueza crônicas, surgindo o estigma de que o paciente é preguiçoso. Esses aspectos, externos e internos, levam quase sempre a quadros psiquiátricos relevantes, especialmente à depressão.

Essas doenças crônicas atuam sobre outros sistemas por causarem ativação permanente dos processos infamatórios, causando produção contínua de diversas proteínas pró inflamatórias potencialmente danosas no longo prazo. Isso é muito bem verificado na aceleração do envelhecimento cardiovascular através da promoção da aterosclerose, causando um maior porcentual de infartos do miocárdio nessa população quando comparada com a população normal.

Todos nós conhecemos alguém próximo com doença autoimune. Uma boa estratégia é praticar a empatia e conhecer um pouco mais sobre essas doenças tão impactantes na vida do paciente.

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